Chegou sorrateiramente e em um canto se alojando. Nem desfez sua mala e foi logo cantarolando. Sua voz toda estridente, ecoando por todo o quarto. Talvez triste ou então contente, não se podia perceber o fato. Chegara a uma semana, aquela visita inesperada. Entoando sua canção, varando a madrugada. Pensei em mandá-lo embora ou expulsá-lo do meu aposento. Mas com o passar dos dias, sua voz me trouxe um alento. Pois se não suportasse sua melodia, quiçá as dualidades do tempo. Deixei-o então tranquilo, entoando alegria ou o seu lamento. Meu pequeno hóspede é um grilo. Cancioneiro da madrugada. Sua serenata é gratuita. Sem almejar aplausos, sem esperar por nada. Assim deveria ser a gente, durante a nossa jornada. Autor: Wandermilton Souza Corrêa